Viemos para BH para o casamento da nossa querida Juliana, que foi lindíssimo, e a Andréa era madrinha.
Como o casamento foi na sexta e resolvemos ficar até domingo, no sábado fomos conhecer o Instituto Cultural Inhotim.
Inhotim é um museu de arte contemporânea a céu aberto em Brumadinho a uma hora (60km) de BH e conforme todas os comentários ouvidos por nós realmente é muito bonito, coisa de primeiro mundo mesmo!
Inhotim surgiu em 2004 para abrigar a coleção do empresário mineiro, do ramo de mineração, Bernardo Paz, sua antiga fazenda de 645ha, onde ele também vive com a esposa Adriana Varejão (fotos da sua galeria abaixo), foi transformada então num maravilhoso museo que hoje expõe obras, da década de 1970 até a atualidade, em 17 galerias.
O museu é formado por um grande conjunto de obras de arte, expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes, situadas em um Jardim Botânico, numa área de 97 hectares, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) para a fazenda de Bernardo Paz.
Só o jardim já é um passeio maravilhoso, formado por imensas renques de palmeiras nativas e outras exóticas totalizando mais de 1.500 espécies só de palmáceas, a maior coleção do tipo do mundo.
Por toda a área são encontradas espécies vegetais raras e um jardim de orquídeas "vandas" o vandário!
O terreno ainda conta com cinco lagos e reserva de mata preservada.
O acervo artístico abriga mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, como Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros.
Inhotim se diferencia de outros museus por oferecer ao artista condições para a realização de obras que apenas em seu parque poderiam ser construídas.
Como passamos só um dia neste museu, vou colocar o que mais gostamos e o que eu acho que não vale a pena, mas para quem tiver a chance de ficar mais dias, aconselho a visitar tudo e reservar um tempo para o "dolce far niente" nos diversos bancos do parque!
Começamos andando da portaria até onde pegaríamos o carrinho elétrico para a rota a galeria Doug Aitken.
Essa galeria é muito interessante, essa obra chama-se "Sound Pavilion" e proporciona ao visitante a experiência maravilhosa de escutar o som do interior da Terra, em tempo real. A obra está instalada em um pavilhão idealizado pelo artista, de formato circular e fechado com vidro. No centro desse pavilhão há um furo no solo de 200 metros de profundidade, onde foram instalados microfones de alta sensibilidade, que captam diferentes frequências de som. Os ruídos do interior da Terra são amplificados dentro do prédio, trazendo à superfície indícios de uma realidade quase sempre inimaginável.
Doug Aitken é americano e desenvolve uma série de filmes, fotografias, instalações e vídeos que investigam a relação entre natureza, memória, tempo e espaço. Sua obra fala de lugares inabitados, ruínas, vestígios de onde o tempo parece ter outro ritmo. Entre seus projetos recentes mais importantes, destacam-se Migration (2008), na mostra Carnegie International (Pittsburgh, EUA), e Sleepwalkers (2007), exibido na fachada do Museum of Modern Art, em Nova York. Em 2005, expôs no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris. Em 1999, recebeu o prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza pela instalação “Electric Earth”.
Muito interessante!!!
Depois fomos andando até a obra de Matthew Barney, um artista americano que ficou conhecido como produtor e criador da série de filmes Cremaster e hoje tem obras no mais renomados museus de arte contemporânea do mundo.
Como sempre é essencial que as informações encontradas nas entradas das galerias sejam lidas, pois assim fica mais fácil a contextualização e compreensão das obras. Em se tratando de um museu de arte contemporânea é sempre importante que as obras não sejam vistas de maneira simplistas e sim de uma maneira a entender a proposta do artista e como ele conseguiu criar e transmitir sua expressão, e também se o objetivo da sua intenção em fazer o observador vivenciar sua proposta ou critica tenha sido atingido!
Lembre-se:
Não se ama o que não se conhece!!!
Daí tornamos a pegar o carrinho e voltamos até a galeria de Miguel Rio Grande, algumas das suas obras participaram da Bienal.
Eu particularmente achei os trabalhos com temas bem pesados tais como prostituição e violência. Talvez eu não tenha gostado tanto porque na verdade não conheço quase nada sobre o trabalho deste artista...
Daí fomos para a última parada desta rota, a Galeria Doris Salcedo,que é uma artista colombiana que faz esculturas e instalações diferenciadas. Seu trabalho retrata os efeitos do terror e da destruição características de guerras civis e regimes ditatoriais, inspirado em depoimentos de sobreviventes ou de seus parentes e amigos. Usa principalmente móveis de madeira e roupas, mas materiais orgânicos como peles de animais e cabelo também acabam sendo incorporados algumas vezes. Nas fotos, vemos uma incrível instalação criada para a 8ª Bienal Internacional de Istambul em 2003. Foram utilizadas 1550 cadeiras entre dois prédios da cidade.
A galeria de Doris Salcedo, em Inhotim, é dedicada à obra Neither (2004), uma grande instalação que utiliza telas de ferro e gesso, para cobrir todas as paredes da galeria. O projeto arquitetônico é uma parceria entre Carlos Granada e Paula Zasnicoff, e tem 262 m² de área construída especialmente para a obra. Neither foi primeiramente apresentada na galeria White Cube, em Londres, em 2004.
A instalação Neither expressa uma abordagem de tensão sobre a arquitetura, que ao mesmo tempo ameaça e protege o ser humano, essa obra de grandes proporções faz de alguns elementos de construção, como grades e paredes, carrascos de nós mesmos. E cria um dilema para quem a visita: estou do lado de dentro ou de fora?
Concebido depois da visita de Salcedo ao campo de concentração em Auschwitz, Polônia, a intenção da exposição é promover um encontro entre o exterior e a interioridade.
Depois disto fomos almoçar no Bar do Ganso, dentro do parque mesmo, pois ficava no nosso caminho e estava praticamente vazio e silencioso, por não ser buffet nem quilo, como os outros 2 restaurantes do parque. Nossa escolha foi excelente!
Daí resolvemos fazer a rota até a Galeria Comoscoca que é inteira a pé. No caminho passamos pela Galeria Fonte e resolvemos entrar, é uma galeria de arte visual pequena e pode ser visitada rapidamente.
Em seguida fomos para a Galeria Cosmococa que é bem grande, tem 5 partes, todas elas com obras interativas, o que atrai muito as crianças, vide o número de carrinhos de bebes na porta, mas para os adultos achei fraco.
Esta obra foi concebida por Hélio Oiticica, na época em que residiu em Nova York, no início dos anos 1970, Hélio Oiticica trabalhou em parceria com o cineasta Neville D’Almeida na criação de instalações pioneiras chamadas de “quasi-cinemas”. Estas obras transformam projeções de slides em instalações ambientais que submetem o espectador a experiências multisensoriais. Os quasi-cinemas representam o ápice do esforço que Oiticica empreendeu ao longo de sua carreira para trazer o espectador para o centro de sua arte e para criar algo que é tanto um evento ou processo quanto um objeto ou produto — um desafio da tradicionalmente passiva relação entre obra e público. Oiticica e D’Almeida criaram cinco quasicinemas que chamaram Blocos-Experiências em Cosmococa. Essas instalações consistem em projeções de slides com trilhas musicais específicas e usam fotos de cocaína — desenhos feitos sobre livros e capas de discos de Jimi Hendrix, John Cage, Marilyn Monroe e Yoko Ono, entre outros. O uso da cocaína, que Oiticica, discute longa e teoricamente em seus textos, aparece tanto como símbolo de resistência ao imperialismo americano quanto referência à contracultura.
Apesar de toda essa histórico interessante, achei que a obra, apesar de grandiosa, deixou a desejar...
As salas desta galeria são compostas de: sala com piscina, uma escura com texturas diversas e elevações e bexigas no chão, outra com um imenso colchão no chão, uma não me lembro e na última uma infinidade de redes para quem a fim! Tudo isso ao som de Jimi Hendrix ou coisa parecida...
Caso vc só tenha 1 dia e quer ver as coisas mais interessantes aconselho a deixar esta rota para o fim, se der tempo vc faz...
Daí fomos para a outra rota, onde tb tem o carrinho elétrico, para ver a obra do americano Chris Burden.
No caminho passamos pela Galeria da carioca Adriana Varejão, planejada com uma lida arquitetura pelo paulista Rodrigo Cerviño Lopez.
A galeria foi especialmente planejada para receber as obras Celacanto provoca Maremoto(2004-2008), Linda do Rosário (2004), O Colecionador (2008), Panacea Phantastica (2003-2008) ePassarinhos.
A obra de Adriana Varejão promove uma articulação entre pintura, escultura e arquitetura, revisitando elementos e referências históricos e culturais. Especialmente criada para o espaço a partir de um painel original em apenas uma parede, a obra Celacanto provoca maremoto (2004-2008) vale-se do barroco e da azulejaria portuguesa como principais referências históricas, mas também da própria história colonial que une Portugal e Brasil.
Daí seguimos para a rota da obra de Chris Burden.
O “Beam drop Inhotim” (2008) (título que poderia ser traduzido livremente por “queda de viga”) é a recriação de uma obra realizada originalmente em 1984 no Art Park, um parque de esculturas no Estado de Nova York, e destruída três anos depois. A obra foi refeita em Inhotim no ano passado, numa das áreas de expansão da instituição.
Durante 12 horas, um guindaste de 45 metros de altura lançou em uma poça de cimento fresco as 71 vigas que compõem a obra. O resultado desta operação de alto impacto é uma escultura de grandes dimensões que ocupa o alto de uma montanha.
O padrão aleatório da escultura é formado pela queda das vigas, combinando o controle do artista à violência do acaso provocado pelo peso do material. Para a produção, foram selecionadas vigas usadas em ferros velhos da região, posteriormente manobradas pelo artista, criando uma composição que remete ao aspecto gestual do expressionismo abstrato, especialmente das pinturas Jackson Pollock (1912-1956), que o artista aponta como referência importante da obra. A obra filia-se, também, a uma tradição de esculturas monumentais propondo, no entanto, sua desconstrução.
Perto desta grandiosa obra temos a Palm Pavilion, originalmente concebido para a 27ª Bienal de São Paulo em 2006, Palm Pavilion tem em Inhotim sua primeira montagem ao ar livre.
O pavilhão é uma adaptação da famosa Maison Tropicale (1951), do arquiteto francês Jean Prouvé (1901-1984), que foi comissionado para desenvolver um tipo de moradia para os burocratas e comerciantes nas colônias africanas. Com a estreita colaboração da equipe de Botânica do Inhotim, que agregou à obra uma grande coleção de palmeiras, Tiravanija adiciona à visão puramente científica de Jardim Botânico uma análise sociocultural sobre a espécie, um ícone do exotismo tropical.
Na saída desta rota tem uma das galerias mais interessantes do museu, a Cardiff & Miller.
Esta obra consta de um enorme galpão com caixas de som e cadeiras de madeiras espalhadas pelo ambiente.
Nas cadeiras podemos encontrar o "menu" sonoro que vamos experimentar, mas o conselho é feche os olhos e, por favor, não durma, por mais casado que esteja, pois uma das coisas mais incríveis vai acontecer
O som começa com um ruído de pássaros, depois o ranger de uma porta se abrindo, passos forte, revoadas e uma voz de mulher nos convida a fechar os olhos.
Uma música começa a tocar mais alta e tudo vira uma vivência maravilhosa!
Infelizmente não vai ter foto que consiga mostrar a dimensão desta obra...
Mas aí vai um painel com muitas obras que vimos neste incrível museo!
O jornal The New York Times, em referência ao Inhotim, citou certa vez que "poucas instituições se dão ao luxo de devotar milhares de acres de jardins, montes e campos a nada além da arte, e instalar a arte ali para sempre”
E para os que não acreditam no país, Isto também é Brasil!!!
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