sábado, 5 de maio de 2012

Turquemenistão Rota da Seda 2005

 Saímos do Irã com destino ao Turquemenistão por terra… 
Não foi a melhor coisa que fizemos, mas a agência fez nosso roteiro assim e na época não sabíamos muito a respeito desta área, o que era bom ou não... 
O único guia que achamos pra comprar foi em Paris, no começo da viajem, um Lonely Planet, acho que foi o dinheiro mais bem gasto!



Nosso guia iraniano não sabia nos dizer nada a respeito da fronteira, ele dizia que nunca tinha levado alguém até ela, que os turistas que iam para o Turquemenistão costumavam ir de avião…
O Fernando pediu para ele falar com a agência se pelo menos eles podiam nos informar onde estaria alguém nos esperando e qual o nome da pessoa, e para que número poderíamos ligar caso ninguém aparecesse.
O que conseguimos no último dia foi um nome irreconhecível Tablavka de um lugar onde estaria nos esperando uma pessoa. O Fernando queria saber o que significava o nome, se era uma cidade, uma rua ou o que, mas ninguém sabia…


Resolvemos trocar US$ 50 pelo dinheiro local, o Manat, com um pessoal que estava vendendo na rua, só para não chegar sem nada caso precisássemos.
Nosso carro não pode ir até perto do portão, então precisamos pagar uma vã para colocar as malas do local do carro até o portão, pensávamos que estávamos pagando para atravessar, mas que nada, foi só para andar 40 metros mesmo!
Passamos na alfândega precária do Irã nos despedimos do nosso guia que ficou agarrado na tela de segurança da fronteira desejando sorte pra gente e que ele iria rezar para Alah para que chagássemos bem, quase chorou acredita? Me senti indo pra forca…
Passando com as malas a pé pelo portão e nada mais de inglês, só turcomeno e russo, fácil né?
Mostramos o passaporte com o visto tirado a muito custo neste mesmo dia e fomos conduzidos a uma van com 2 bancos inteiriços na frete e só carroceria atrás onde nossas malas e a do senhor foram jogadas.

             

Aí o motorista saiu que nem um louco (140k/h) correndo pela Estrada de terra onde de um lado era montanha e do outro o precipício, tudo muito árido.

Nossas malas jogavam de um lado para o outro e nós agarrados nos PQP!
Andamos uns 20kl nessa “No Man's Land” aí paramos numa casinha onde tinham uns guardas russos com camisa pra for a da calça, que ficavam encarando a gente com olhar suspeitíssimos, fiquei tão incomodada que nem tirei minha roupa iraniana, fiquei de véu e tudo! Porque apesar do Turquemenistão ser muçulmano nosso guia iraniano já tinha me falado que eu podia usar roupas normais e sem véu. 


Num guichê um guarda pediu o passaporte e ficava virando ele de todos os lados fazendo não com a cabeça, depois deixava de lado e não fazia nada! E assim ficamos tipo 1 hora esperando. Se não fosse o Guia Lonely Planet onde um americano descreveu esta sinistra fronteira, segundo ele a pior que ele já tinha pego, e dando a dica que era pra ficar sorrindo e repetindo "tourist" todo o tempo nós teríamos morrido de medo!              
Os caras perguntavam o nome de quem estava nos esperando, nós mostrávamos o nome escrito e ele fazia não com a cabeça…Bom levamos 4 horas pra atravessas esse pedaço, passamos por 4 casinhas dessas com esperas, aberturas de mala e em cada uma delas eles batiam a maquina com um dedo, os dados de cada passaporte novamente!

                                     Motorista do No Man's Land


Felizmente na última casinha veio um cara que nós até pensamos que era parte da guarda e disse  Fernando Beltran  - Me Driver!
Tentei saber quanto tempo era dali até o hotel e se tinha banheiro no caminho, mas a cada pergunta a resposta era a mesma – Me Driver!  Não foi fácil!

                 

Depois de uma hora de carro chegamos a capital Ashgabat no hotel Kopetdag, por fora até não era tão ruim, mas por dentro era bem ruinzinho, juntou todo o stress com isso não foi fácil…

               


Nossa guia Tatiana, uma senhora russa nos esperava no hotel e graças a Deus falava inglês!
Reclamamos do hotel e perguntamos se tinha um melhor ela disse que tinha um Sheraton aí  pedimos para ligar para o Brasil para reclamar, pedir para trocarem a gente de hotel e que queríamos que, a partir daquele dia, só nos colocassem nos melhores hotéis daí pra frente e que se tivéssemos que pagar mais não teria problema!


Tudo que pedíamos pra ela ela ficava repetindo “problems, problems” o Fernando perguntava mas qual o problema em querer telefonar?  Bom ela nos levou para um centro de telefonia do governo, o único da capital, vc pega um número e fica esperando ser chamado numa cabina… Depois de 1h esperando vcs não imaginam os gritos do Fernando com o agente de viagens do Brasil, parou  todo mundo pra ouvir e nossa guia ficou horrorizada!  Queria saber qual era o problema… Bom explicamos o caso do hotel e fomos conhecer a cidade!



Até 1991 o Turquemenistão era uma república soviética chamada Turcmênia. 
De 1920 até 1923, os ocupantes dividiram o vasto território do então chamado Turquestão em cinco repúblicas socialistas: Turquemenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão.


Em maio de 1990, o presidente foi preso e exilado. Em agosto de 1990, o Soviete supremo (Parlamento) declarou a independência do país, com a eleição do primeiro presidente do novo país.
A independência do Turquemenistão foi proclamada em outubro de 1991 sob a liderança do único candidato à presidência, Saparmurat Niyazov.


Este presidente eleito com cargo vitalício virou um ditador e ainda estava no poder quando estivemos lá (ele faleceu em dezembro de 2006). Acusado de não ligar para o povo, estava construindo sua capital inteiramente nova, como, o país tem os 3 tipos de ouro, como eles dizem, o ouro preto que é o petróleo, o ouro azul o gás e o branco o algodão, havia muito dinheiro para isso!


A cidade impressiona por vários aspectos, primeiro as construções todas novas em mármore branco trazido da Itália! Então passamos pela avenida dos ministérios, o museu com suas abóboas turquesas, as praças com fontes, monumentos e  esculturas em ouro dele próprio e claro os banners do seu rosto por toda parte!


Não podíamos tirar fotos de nada, havia policiais parados na frente dos prédios, o asfalto estava tinindo de tão brilhante e assim mesmo mulheres varriam cada pedaço dele! 


Não haviam carros passando pois o povo é muito pobre, então tb não tem ninguém habitando essas maravilhosos prédios, tudo está vazio!
Perguntamos para Tatiana porque estavam pintando o cabelo dele de branco para  preto  nos  enormes  Banners, ela nos contou que ele tinha deixado a esposa e estava com uma menina mais nova e tinha tinjio o cabelo!    Pode?
Olhem só o museu!

                      Dá até pra ver o banner já com cabelos pretos!

Como ele constrói essa cidade? Ele tira as pessoas de 6 quarteirões, simplesmente despeja sem recolocar ninguém em outra moradia, demole tudo e faz um projeto para esse pedaço!  


Quando estávamos lá o novo prijeto era para uma Disney! Como ele morreu no ano seguinte não ser se deu certo...

As mesquitas são todas novas tb!

                   

Esta é considerada a maior da Ásia!!!


Tudo é mega, de mármore italiano e folhado a ouro!


Com certeza uma cidade para o futuro!

           

Este monumento da esquerda é em homenagem a raça de cavalos Akhal-teke considerado os melhores cavalos da Ásia, por isso, antigamente, tão cobiçados pelos povos vizinhos!
Jantamos num restaurante boate com globo de espelhos decadente que estava vazio, Segundo nossa guia o melhor restaurante de lá, e adivinhem o que nos 3 comemos?Caviar!!!!   Aquele do mar Caspio!!!!!!!!!!
Gente nos entupimos, comemos só isso, ou seja jantamos caviar! 


A Tatiana, muito simples não queria que pagássemos pra ela porque era muito caro!!!     Sabe quanto pagamos pelo fantástico jantar? Vs podem chutar o que quiserem nunca vão acertar!!!!!
Os US$50 dolares que trocamos na fronteira, isso porque era tanto dinheiro local que pusemos blocos e blocos dele na mesa e todos nós contamos para ajudar!!!
Voltamos para o Hotel ás 10:30 coma Tatiana agradecendo horrores, no dia seguinte tínhamos um vôo ás 6 da manhã, portanto acordamos ás 4 da manhã!!!
Nossa guia com a mesma roupa do dia anterior (sapatinho bem velho e vestido rasgadinho) nos acompanhou até o aeroporto, quando fomos fazer o check in ela começou a ficar histérica, reclamava e a gente perguntando o que era e ela dizendo problems, problems, até que o Fernando pegou ela colocou sentada numa cadeira e perguntou: qual é o problema?  Bom no nosso visto tirado no Irã não haviam colocado nosso destino final no Turquemenistão, com isso não poderíamos ir de avião até Dazogus (cidade que deveria estar anotada no visto).
Voltamos ao hotel dormimos um pouco e a Tatiana nos ligou para falar que iríamos só na manhã seguinte!  Depois descobrimos que é muito difícil conseguir vôos internos no Turquemenistão, porque os vôos são do governo e sabe quanto custa a passagem?
US$2  isso mesmo 2 dolares!!!
Bom os vôos ficam lotados pois todos só viajam assim, para conseguirmos ir a agência precisou comprar 3 lugares de 3 pessoas pagando mais, não sei quanto, e tb mudaram nosso visto, o que nos custou um suborno.

                                Bazar Tolkushka

Enquanto isso nos instalamos no Sheraton e saímos para almoçar, depois fomos conhecer o museu, muito bem montado porque a região tem uma longa história, depois fomos ao Bazar Tolkushka um dos mais autênticos que encontramos, e tb mais barato!  Pena que descobrimos isso só mais tarde!

                           

O nome do Bazar significa "empurra para abrir espaço" advinhe porque?

        

Os chapeús eram divínos o mais caro era de Sable (Marta ou Zibelline) pra nós de graça, mas meio difícil de usar né?


Fomos almoçar e depois passamos no Bazar de abastecimento para comprar caviar para comermos no hotel de janta, pois nosso vôo do dia seguinte era no mesmo horário do anterior então acordaríamos ás 4 da manhã novamente.


No hotel para comermos o caviar precisei pedir um chá com torradas pois eles não tinham torradas sozinhas no room service, e adivinhem? Custou mais caro o chá que o caviar comprado no Bazar pagamos US$60 por 1 chá com torradas!!!!!!!
Coisas do Turquemenistão!!!
No dia seguinte nossa guia estava ansiosíssima para que tudo desse certo, era nosso 3 dia e ela com a mesma roupa, fiquei com muita dó porque eles são muito pobres no país, e ela vive sozinha, o único filho mora em Moscou...
Ah! O asfalto da pista de avião é algo que eu nunca vi no mundo todo, é tão liso que o avião não treme nada, a gente nem sabe se ele está em terra ou voando!

O Turquemenistão tem uma area de 80% de deserto e os rios que alimentavam o mar Aral foram desviados para irrigação do algodão pelos russos, o que promoveu a maior desastre ambiental da região. 


Com isso o solo de toda a região ficou salgado e a água salobre, portanto esse povo além de pobre não tem água pra tomar!
As construções ficam com sal nas paredes até uma altura de 1 metro, muito triste…
A região de Dazogus é muito pobre, chegando lá fomos de carro direto pra fronteira, que foi super tranquila, demos uma gratificação especial pra Tatiana que nos atendeu muito bem e quando dei um beijo nela de despedida ela quase morreu de vergonha e quase chorou, e eu tb!!!


Do outro lado nosso novo motorista  saiu direto pra Kiva no Uzbesquistão!
E as únicas palavras em inglês que ele falava era: Me drive!   
Acho que pra ser motorista das agências locais precisa saber dirigir e falar estas 2 palavras!!!

Um comentário:

  1. Muito legal a sua experiência! Qual foi a agência contratada para a viagem? obrigado.

    ResponderExcluir