Saímos
do Irã com destino ao Turquemenistão por terra…
Não foi a melhor coisa que
fizemos, mas a agência fez nosso roteiro assim e na época não sabíamos muito a
respeito desta área, o que era bom ou não...
O único guia que achamos pra comprar foi em Paris, no começo da viajem, um
Lonely Planet, acho que foi o dinheiro mais bem gasto!
Nosso
guia iraniano não sabia nos dizer nada a respeito da fronteira, ele dizia que
nunca tinha levado alguém até ela, que os turistas que iam para o Turquemenistão
costumavam ir de avião…
O
Fernando pediu para ele falar com a agência se pelo menos eles podiam nos
informar onde estaria alguém nos esperando e qual o nome da pessoa, e para que
número poderíamos ligar caso ninguém aparecesse.
O que
conseguimos no último dia foi um nome irreconhecível Tablavka de um lugar onde
estaria nos esperando uma pessoa. O Fernando queria saber o que significava o
nome, se era uma cidade, uma rua ou o que, mas ninguém sabia…
Resolvemos
trocar US$ 50 pelo dinheiro local, o Manat, com um pessoal que estava vendendo
na rua, só para não chegar sem nada caso precisássemos.
Nosso
carro não pode ir até perto do portão, então precisamos pagar uma vã para colocar
as malas do local do carro até o portão, pensávamos que estávamos pagando para
atravessar, mas que nada, foi só para andar 40 metros mesmo!
Passando
com as malas a pé pelo portão e nada mais de inglês, só turcomeno e russo,
fácil né?
Mostramos
o passaporte com o visto tirado a muito custo neste mesmo dia e fomos conduzidos a uma van
com 2 bancos inteiriços na frete e só carroceria atrás onde nossas malas e a
do senhor foram jogadas.
Aí o motorista saiu que nem um louco (140k/h) correndo pela Estrada de terra onde de
um lado era montanha e do outro o precipício, tudo muito árido.
Nossas
malas jogavam de um lado para o outro e nós agarrados nos PQP!
Andamos uns 20kl nessa “No Man's Land” aí paramos numa casinha onde tinham uns
guardas russos com camisa pra for a da calça, que ficavam encarando a gente com
olhar suspeitíssimos, fiquei tão incomodada que nem tirei minha roupa iraniana,
fiquei de véu e tudo!
Porque apesar do Turquemenistão ser muçulmano nosso guia iraniano já tinha me
falado que eu podia usar roupas normais e sem véu.
Num guichê um guarda pediu
o passaporte e ficava virando ele de todos os lados fazendo não com a cabeça, depois deixava de lado e não fazia nada! E assim ficamos tipo 1 hora esperando. Se não fosse o Guia Lonely Planet onde
um americano descreveu esta sinistra fronteira, segundo ele a pior que ele já
tinha pego, e dando a dica que era pra ficar sorrindo e repetindo "tourist" todo
o tempo nós teríamos morrido de medo!
Os caras perguntavam o nome de quem estava nos esperando, nós
mostrávamos o nome escrito e ele fazia não com a cabeça…Bom levamos 4 horas pra
atravessas esse pedaço, passamos por 4 casinhas dessas com esperas, aberturas
de mala e em cada uma delas eles batiam a maquina com um dedo, os dados de cada
passaporte novamente!
Motorista do No Man's Land
Felizmente
na última casinha veio um cara que nós até pensamos que era parte da guarda e disse Fernando Beltran - Me Driver!
Tentei saber quanto tempo era dali até o hotel e se tinha banheiro no caminho,
mas a cada pergunta a resposta era a mesma – Me Driver!
Não foi fácil!
Depois de uma hora de carro chegamos a capital Ashgabat no hotel Kopetdag, por fora até não era tão ruim, mas por dentro era bem
ruinzinho, juntou todo o stress com isso não foi fácil…
Nossa guia Tatiana, uma senhora russa nos esperava no hotel e graças a Deus
falava inglês!
Reclamamos do hotel e perguntamos se tinha um melhor ela disse que tinha um
Sheraton aí pedimos para ligar
para o Brasil para reclamar, pedir para trocarem a gente de hotel e que
queríamos que, a partir daquele dia, só nos colocassem nos melhores hotéis daí pra frente e que se
tivéssemos que pagar mais não teria problema!
Tudo
que pedíamos pra ela ela ficava repetindo “problems, problems” o Fernando
perguntava mas qual o problema em querer telefonar? Bom ela nos levou para um centro de telefonia do governo, o
único da capital, vc pega um número e fica esperando ser chamado numa cabina… Depois de 1h esperando vcs não imaginam os gritos do Fernando com o agente de
viagens do Brasil, parou todo
mundo pra ouvir e nossa guia ficou horrorizada! Queria saber qual era o problema… Bom explicamos o caso do
hotel e fomos conhecer a cidade!
Até 1991 o Turquemenistão era uma república soviética chamada Turcmênia.
De 1920 até 1923, os
ocupantes dividiram o vasto território do então chamado Turquestão em cinco repúblicas
socialistas: Turquemenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão.
A independência do Turquemenistão foi proclamada em outubro de 1991 sob a
liderança do único candidato à presidência, Saparmurat Niyazov.
Este
presidente eleito com cargo vitalício virou um ditador e ainda estava no poder
quando estivemos lá (ele faleceu em dezembro de 2006). Acusado de não ligar
para o povo, estava construindo sua capital inteiramente nova, como, o país tem
os 3 tipos de ouro, como eles dizem, o ouro preto que é o petróleo, o ouro azul o gás e o
branco o algodão, havia muito dinheiro para isso!
A
cidade impressiona por vários aspectos, primeiro as construções todas novas em
mármore branco trazido da Itália! Então passamos pela avenida dos ministérios,
o museu com suas abóboas turquesas, as praças com fontes, monumentos e esculturas em ouro dele próprio e claro
os banners do seu rosto por toda parte!
Não podíamos tirar fotos de nada, havia policiais parados na frente dos prédios,
o asfalto estava tinindo de tão brilhante e assim mesmo mulheres varriam cada
pedaço dele!
Não
haviam carros passando pois o povo é muito pobre, então tb não tem ninguém
habitando essas maravilhosos prédios, tudo está vazio!
Olhem só o museu!
Dá até pra ver o banner já com cabelos pretos!
Como
ele constrói essa cidade? Ele tira as pessoas de 6 quarteirões, simplesmente despeja sem
recolocar ninguém em outra moradia, demole tudo e faz um projeto para esse pedaço!
Quando estávamos lá o novo prijeto era para uma Disney! Como ele morreu no ano seguinte não ser se deu certo...
As mesquitas são todas novas tb!
Esta é considerada a maior da Ásia!!!
Tudo é mega, de mármore italiano e folhado a ouro!
Com certeza uma cidade para o futuro!
Este monumento da esquerda é em homenagem a raça de cavalos Akhal-teke considerado os melhores cavalos da Ásia, por isso, antigamente, tão cobiçados pelos povos vizinhos!
Gente nos entupimos, comemos só isso, ou seja jantamos caviar!
Os US$50 dolares que trocamos na fronteira, isso porque era tanto dinheiro local que
pusemos blocos e blocos dele na mesa e todos nós contamos para ajudar!!!
Voltamos
para o Hotel ás 10:30 coma Tatiana agradecendo horrores, no dia seguinte
tínhamos um vôo ás 6 da manhã, portanto acordamos ás 4 da manhã!!!
Nossa
guia com a mesma roupa do dia anterior (sapatinho bem velho e vestido
rasgadinho) nos acompanhou até o aeroporto, quando fomos fazer o check in ela
começou a ficar histérica, reclamava e a gente perguntando o que era e ela
dizendo problems, problems, até que o Fernando pegou ela colocou sentada numa
cadeira e perguntou: qual é o problema?
Bom no nosso visto tirado no Irã não haviam colocado nosso destino final
no Turquemenistão, com isso não poderíamos ir de avião até Dazogus (cidade que deveria estar anotada no visto).
US$2 isso mesmo 2 dolares!!!
Bom
os vôos ficam lotados pois todos só viajam assim, para conseguirmos ir a
agência precisou comprar 3 lugares de 3 pessoas pagando mais, não sei quanto, e
tb mudaram nosso visto, o que nos custou um suborno.
Enquanto isso nos instalamos no Sheraton e saímos para almoçar, depois fomos conhecer o museu, muito bem montado porque a região tem uma longa história, depois fomos ao Bazar Tolkushka um dos mais autênticos que encontramos, e tb
mais barato! Pena que descobrimos
isso só mais tarde!
O nome do Bazar significa "empurra para abrir espaço" advinhe porque?
Os
chapeús eram divínos o mais caro era de Sable (Marta ou Zibelline) pra nós de
graça, mas meio difícil de usar né?
Fomos
almoçar e depois passamos no Bazar de abastecimento para comprar caviar para
comermos no hotel de janta, pois nosso vôo do dia seguinte era no mesmo horário do
anterior então acordaríamos ás 4 da manhã novamente.
Coisas
do Turquemenistão!!!
Ah! O asfalto da pista de avião é algo que eu nunca vi no mundo todo, é tão liso que o avião não treme nada, a gente nem sabe se ele está em terra ou voando!
Acho que pra ser motorista das agências locais precisa saber dirigir e falar estas 2 palavras!!!
O Turquemenistão tem uma area de 80% de deserto e os rios que alimentavam o mar
Aral foram desviados para irrigação do algodão pelos russos, o que promoveu a maior desastre
ambiental da região.
Com isso o solo de toda a região ficou salgado e a água
salobre, portanto esse povo além de pobre não tem água pra tomar!
As
construções ficam com sal nas paredes até uma altura de 1 metro, muito triste…
A
região de Dazogus é muito pobre, chegando lá fomos de carro direto pra
fronteira, que foi super tranquila, demos uma gratificação especial pra Tatiana
que nos atendeu muito bem e quando dei um beijo nela de despedida ela quase
morreu de vergonha e quase chorou, e eu tb!!!
Do
outro lado nosso novo motorista
saiu direto pra Kiva no Uzbesquistão!
E as únicas palavras em inglês que ele falava era: Me drive!
Muito legal a sua experiência! Qual foi a agência contratada para a viagem? obrigado.
ResponderExcluir