quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Rostos das Índia



Agora estamos saindo da Índia, voando para Katmandu no Nepal...
Mas os olhares da India continuam em meus pensamentos.... Tristeza... Alegria...
Para compartilhar um pouquinho de Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas




Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...




E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,



E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial




Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...



Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...



Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele



Porque pensar é não compreender...




O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)



Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...






Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso



Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

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