domingo, 4 de junho de 2017

Japão 3 - Kyoto






Saímos de Teshima com destino a Kyoto, portanto pegamos a balsa, 1:30h de carro e finalmente o trem saindo de Okayama... Aí foi rápido! 1h de trem com direito a degustação de uma caixa dos divinos morangos de Teshima durante a viagem! Mas ainda sobraram 5 caixas pra comermos em Kyoto! kkkk


Kamogawa


A chegada não foi assim emocionante, a arquitetura da cidade é do mesmo genero que Osaka, prédios anos 50 sem urbanismo nenhum, nosso hotel fica de frente para o Kamogawa ou Kamo River (gawa significa rio assim como ji é templo).

Quando marcamos nossa viagem para o Japão seria pra ver as sakuras em Kyoto, mas como deixamos pra marcar em dezembro já não tinha mais vaga em hotel bom nenhum, acabamos vindo assim mesmo pra pegarmos pelo menos as sakuras em Tokyo. 
O que eu não sabia é que os templos aqui são literalmente rodeados dessas árvores, então vindo antes na verdade vc acaba pegando só galhos cinzas delas por todos os lados…. Além disso as arvores comuns ainda não brotaram também por causa do inverso rigoroso.... 
Portanto evitem isso! Pelo que vi das fotos nos templos, época de sakuras é lindo, mas quando estão 100% blumed, ou seja realmente flores 100% abertas.O site "japan-guide.com" é o melhor pra ser seguido, é só entrar com sakura2017 (ou o ano que vc estiver!) no google que ele aparece e vcs verão a previsão com os dias certinhos em cada cidade! 



No caso das sakuras todas as fotos lindas que vcs virem são de florada com flores 100%abertas, ou seja, 5 dias no máximo sem vento! 
Quando está 80% já não é aquilo! Isso porque as flores são pequenas, portanto aquela aparência maravilhosa só acontece quando estão bem abertas!
Vcs podem imaginar que não é facil acertar, ainda mais pra nós que vamos vir do outro lado do mundo! 
Nós ficamos um mês no Japão, consegui entender bem essa coisa da florada, Kyoto é mais frio que Tokyo, por isso sempre flore depois. E nesse ano atrasou da previsão!

Pra vcs terem ideia, no nosso ultimo dia de Tokyo tinha um senhor no concierge nervoso perguntado da florada se estava 100% e em qual local, porque ele tinha acabado de chegar de Kyoto e lá a previsão tinha atrasado porque teve uma frente fria que durou 10 dias a mais do que o previsto e eles não tinham visto as sakuras! Ele iriam embora no dia seguinte queria ver nesse dia em Tokyo.
O que me deixa pasma é que a concierge não sabia responder! Respondeu que podia ser em qualquer parque! Gente uma coisa dessas importantíssima! Porque o turista veio de longe pra ver isso! E estávamos no Hotel Mandarin Oriental! 

Bom falei com ele e dei os 4 lugares que estavam 100% e que eram os mais bonitos! E também o local pra ver a noite com o horário das luzes acesas!
Portanto vcs podem ver que não é nada fácil acertar!
 Se vc está achando difícil, tem outras estações, no verão tb é bonito pois tudo fica verde, outono lindo, dura mais e sem essa coisa de multidão dessa semana de floração das cerejeiras já que o outono é mais longo, portanto uma excelente época pra vir! Até o inverno, apesar do frio faz fotos bonitas com neve....
Agora este período de galhos secos deixa tudo cinza…. Enfim fica a dica!



Hotel Ritz Carlton Kyoto

Fomos direto pro hotel Ritz Carlton que é muito bonito, da um banho no hotel de Osaka!





Essa é a vista do nosso quarto que é ótimo,  agora a cama é algo a parte! Nunca vi uma cama deste tamanho antes! 3:30m de largura!kkkk Se brigar com o marido não tem nem chance de volta!




Jantamos no Mizuki restaurante japones do hotel, muito bom! Tem uma sushiwoman! Primeiro lugar que vemos uma mulher no balção! 

No dia seguinte amanheceu chovendo, sempre uma decepção pros viajantes, né? Ainda mais num lugar como Kyoto onde todos os templos são com jardins… 
Então pedimos pra guia mudar alguns programas pra fazermos os templos mais fechados hoje… Bom a gente nunca sabe o que essas guias entendem... Então a primeira sugestão dela foi essa:





O primeiro que visitamos foi o Castelo Nijojo, construído em 1603 por Ieyasu Tokugawa fundador do primeiro Xogum do Japão que perdurou até a restauração Meiji em 1868. Nesta área de 275.000m quadrados tem 8000m de construções, com 2 palácios, o Palácio Ninomaru (residência) e o Palácio Honmaru (construídos no período Edo) além de diversos edifícios de apoio. Todos os senhores feudais da região oeste contribuíram para essa construção a mando de Tokugawa. Em 1788 o castelo foi atingido pelo grande incêndio da cidade... Os jardins não deu pra ver muito por causa da chuva....





Sanjusangenda Hall



De lá fomos para o templo Sanjusangenda Hall conhecido por Rengeó-in ou Salão do rei Lótus, famoso por suas 1001 estátuas de Kannon.
A arquitetura do templo em si já é interessante, pois é o maior templo em comprimento  de  madeira do Japão com 120m de comprimento, como diz o significado do nome "Hall com trinta e três espaços entre as colunas".

Este templo foi mandado fazer pelo emperador Go Shirakawa e foi inaugurado em 1164, claro que como tudo aqui pegou fogo e foi reconstruído algumas vezes. Na época havia aqui um ritual chamado Rite of The Willow onde trabalhadores eram tocados na testa por um pincel sagrado que tirava a dor de cabeça... Mas foi a partir da era Edo que houveram as exibições de arco e flecha que ficaram famosas e dizem que a famosa luta do guerreiro Musashi com o lider do Yoshioka-ryu aconteceu do lado de fora do templo em 1604.






Nossa guia já foi nos contando o que iriamos ver antes de entrar, mas apesar de imaginar as 1001 imagens de Kannon a surpresa foi enorme, porque elas são grandes em tamanho natural e muito imponentes, ficam 500 de um lado e 500 do outro lado da enorme estátua  de Kannon Bodsatvva sentada na Lotus. 
Na frente de todas elas estão 28 deidades guardiãs originárias dos textos em sânscrito do hinduísmo.





Uma beleza!






Kannon Bodsatvva é a divindade principal do templo, foi criada pelo escultor Kamakura Tankei e é considerada um tesouro nacional do Japão.



Dsse exército de 1000 Kannons 124 são do templo original, foram resgatadas do incêndio em 1249 as outras foram feitas no Séc XIII em cipreste japones e folhadas a ouro.


                               



De lá fomos visitar o templo budista Zen Nanzenji Temple, um dos 5 mais importantes templos Zen da linha Rinzai do Japão.




Portão principal do Zen Nanzenji Temple



O templo tem uma construção diferenciada, foi moradia do imperador Kameyama e quando  ele se tornou zen budista transformou o palácio em templo, com seus jardins tranquilos foi fundado em meados do período Kamakura (1291), pegou fogo 3 vezes e foi reconstruído na era Edo. Antigamente contava com mais de 60 edifícios nesta enorme área, mas hoje só sobraram 9. 

Não vimos nenhum monge por aqui... 




Aqui podemos ver o Hõhõ Garden um dos mais famosos jardins de pedras ou Karesansui Garden criado em 1.600 por Kobori Enshu, um proeminente mestre da cerimônia do chá que se tornou importante e respeitado e por isso cuidou de muitos templos e palácios na época.



No complexo do templo ainda tem o surpreendente aqueduto Suirokaku.




Com arquitetura ocidental diferente das demais ele foi construído na era Meiji (1889) para levar água do canal do lago Biwa para Kyoto e fornece 95% da água consumida até hoje, ele transporta são 2 toneladas por segundo!




Depois nossa guia nos aconselhou irmos ver um desfile de gueixas…. Não pode chamar de gueixas, hoje são chamadas de Gueiko ou Meiko (que significa aprendiz de Gueiko) Bom o lugar é bem fraco e turístico. O desfile foi dessas 6 pessoas vestidas... A lojinha vende alguns quimonos, etc., tem até uns poucos antigos expostos.





De lá fomos para o Ninnaji Temple, principal templo da escola Omuro do Shingon Secto do budismo, também conhecido como Omuro Imperial Palace.






Fundado no ano 888 pelo imperador Uda. Entre 888 e 1869 os imperadores mandavam um dos filhos para se tornar o monge superior.

Nossa pergunta frequente pra guia era quantas vezes o templo visitado tinha pego fogo... Este parece que foi uma vez em 1467 e levou 150 anos pra ser reconstruído.



A maioria das edificações são do Séc XVII incluindo a pagode de 5 andares. 



Esse templo é famoso pelas suas cerejeiras, deve ficar bonito ver tudo florido... 
Mas ainda sou da opinião que a melhor época pra vir para o Japão é o outono porque olha só a foto que peguei na internet da semana das Sakura....



Tem que ter espirito esportivo pra ficar andando esmagado e se conformar com fotos cheias de gente....
Mas vamos lá...






A área é grande com muitas edificações sempre no mesmo estilo. Infelizmente nossa guia é idosa, tem Parkinson e um inglês horrível.... Ela coloca uma vogal em todas as consoantes, então pra vcs terem uma idéia "darogoro" é dragon.... Difícil.... Além da inflexibilidade tem a pouca informação que até agora foi detectada em todas as nossas guias, ela muitas vezes fala baixo e vai virando para outras pessoas como se fossemos um grupo enorme, o Fernando muitas vezes chama ela e pergunta com que ela está falando... A gente ri pra não chorar né?

Pra piorar não pega internet 3G em lugar nenhum... As dúvidas ficam pra pesquisas no hotel onde temos WiFi....



Na saída tem uma estátua muito bonita de Kongoke Bosatsu.





Voltamos pro hotel e jantamos num restaurante de carne indicado pelo concierge, estava gostoso, mas o restaurante estava vazio e não era nada charmoso. Houve uma problema na nossa reserva de um restaurante 3 estrelas do Michelin, deu duplicidade na reserva  feita por nós e da nossa agência de SP, quando pedimos pra eles desmarcarem o Fernando insistiu muito pra avisarem que era duplicidade e que 2 pessoas iriam!
Não deu certo,  quando chegamos aqui vimos que perdemos a reserva...  O interessante é que quando pedimos uma indicação a concierge logo ela falou pra não marcarmos mais de um ou dois kaisek nos restaurantes famosos, pois muitos clientes do hotel pediam pra desmarcar pois estavam cansados de comer os mesmos pratos. Achamos estranho, porque já tínhamos feito um maravilhoso em Osaka e queríamos mais! Porém do meio pro fim da viagem entendi exatamente o conselho dela!



 Entrada do Golden Pavilion



No dia seguinte tínhamos um passeio para Arashiyama, mas como o tempo estava bonito perguntei se dava pra fazermos  o Kinkakuji Templo ou Golden Pavillion, um dos cartões postais de Kyoto antes, já que não tínhamos feito no dia anterior.

Ela perguntou se queríamos mesmo ir porque deveria estar cheio… Que o melhorr são templos mais vazios… Bom explicamos que os templos bonitos ficam cheio exatamente porque são bonitos! Que era obvio que queriamos ver! Então foi o primeiro que fomos!




Não se pode entrar dentro portanto é só ver o jardim e ele por fora.





Aí está um dos cartões postais de Kyoto! Bonito né? 

Na saída deu pra pegar essa vista que achei bonita com os telhados da parte alta e comprar coisinhas nas diversas lojinhas do templo...




Em seguida fomos para o templo Ryoanji onde se encontra o mais famosos kare-sansui (paisagem seca, com pedras e sem água) ou jardim de pedras do Japão. Esse templo foi construído em 1450 como templo particular de um senhor feudal chamado Hosokawa Katsumoto.
Nossa guia só nos levou direto para o jardim pois alegou que não tínhamos tempo de ver o templo todo, isso porque ficamos 6 dias aqui...


Esse jardim é considerado uma obra prima da simplicidade Zen. 
Construído com uma extensão de areia branca texturizada com rastelo tem 15 pedras dispostas assimetricamente, algumas delas rodeadas de musgo que hoje, após o inverno, estão secos.
São 5 grupos de pedras na ordem: 5,2 e 3,2,3. Pode parecer um preciosismo essas informações mas nossa guia ficou aqui meia hora explicando só isso! 




As interpretações pesquisadas por mim depois são duas: 
Uma tigresa conduzindo seus filhotes através do rio - imagem de nossa vontade suprema de despojamento e de pureza feroz, implacável, que nos leva para além do rio da impermanência. 
Ou os picos da montanha a surgirem das nuvens - a permanência do espirito puro defronte o turbilhão do mar da impermanência. 

De lá fomos para Arashiyama ou Monte Arashi, um distrito fora de Kyoto, considerado um site histórico pelo cenário bonito. Realmente, pesquisando na internet pra saber mais vi fotos, fica lindo no outono e na semana das sakuras... 




Passamos pela famosa ponte Moon Cross Bridge ou Togetsukyo, o que minha guia falou é que o rio muda de nome de cada lado do rio.... Perguntei 3 vezes e ela falou a mesma coisa...  Chamam-se Hozu River e Katsura River. Na margem que estávamos tinha um centrinho bem legal, cheio de turistas andando, os casais com os kimonos alugados, eu queria descer, passear de Rickshaw, mas segundo ela não tínhamos tempo....




Seguimos para o Otagi Nenbutsu-ji Temple que existe desde 764, mas suas construções foram levadas por enchentes do rio, foi reconstruído algumas vezes e em 1922 o altar com a imagem de Senjukannon foi transferido para esse local atual, mais afastado do rio.






O interessante aqui são as 1.200 pequenas estatuas de Rakan discípulo de Shaka o fundador do budismo.




Todas essas esculturas foram feitas por amadores, fieis desafiados pelo monge superior Kosho que tb era escultor do templo.

Então seguimos para o templo Tenryu-ji o mais importante templo da região, cercado pela famosa floresta de bambo! Eu estava ansiosa pois essa floresta deveria ser um dos passeios mais bonitos daqui! As fotos da internet eram de tirar o fôlego!




Infelizmente pela falta de comunicação da nossa guia chegamos num horário que segundo ela, depois que questionamos, é o mais cheio de gente, ela nos disse que o ideal era termos vindo bem cedo, lá pelas 8 da manhã.... Perguntamos porque então não tínhamos vindo cedo, a resposta foi porque não tínhamos pedido... Bom como vamos saber essas coisa... Contratamos guia particular justamente pra nos orientar... Enfim...


Fiz umas manobras e tirei as fotos por cima das cabeças, até que ficou bom...




Também pelo nome "floresta" e fotos vistas anteriormente eu tinha imaginado uma área grande... Mas é só essa entrada pro templo, tipo um quarteirão.... Em fim, bonito mas muito curto.


O templo Tenriu-ji ou Temple of the Heavenly Dragon (ou Ravonolo Darogoro no inglês da minha guia) foi construído em 1339 em memória do imperador Go-Daigo no local onde havia um templo mais antigo. 


Esse é o templo principal da escola Rinzai Zen, uma das 3 escolas ou sectos budistas do Japão.





Assolado por incendios e guerras o templo foi reconstruido muitas vezes. Podemos ver  os galhos das sakuras na volta toda e imaginar como deve ser bonito na florada. As únicas floridas eram duas ameixeiras... A parte interna são todas muito parecidas, seja templo ou palácio. 





O jardim é famoso criado por Muso Soseki, que também foi monge superior, e continua na sua forma original, com o lago cercado pela floresta Arashiyama 


Songenchi Teien (Songen Pond Garden)


Como voces podem ver, aqui em Kyoto os jardins são muito importante no visual dos templos, portanto escolham a época certa pra vir!

Aqui nossa guia nos informou que tinha reservado lugar no restaurante do templo, especializado em comida Zen chamado Shingetsu. Fiquei imaginando como poderíamos ter vindo cedo se tínhamos o almoço.... 



Tudo muito caprichado, uma cozinha vegetariana com produtos orgânicos feito pela cozinha do templo! 

Ah! Tem que reservar na salinha individual, tem essas duas, portanto façam a reserva com antecedência! 

A gente almoça de frente pro jardim, uma experiência única! Fica a dica!


Tenryu-ji Gate

Em seguida fomos visitar um templo menor chamado Adashino Nembutsuji, construído em 811 pelo monge, funcionário publico estudioso chamado Kobo- Daishi. 



Antigamente, era comum abandonar copos que ficavam expostos as intempéries do tempo. Todo-Daishi recolheu os corpos da região e providenciou enterro na área do templo, daí em diante as pessoas começaram a fazer cerimonias venerando estatuas de pedras de Buda e pagodes.




Atualmente existem cerca de 800 estátuas aqui, uma grande stupa e alguns pequenos templos.
Stupa


O Fernando não gostou, eu achei o lugar interessante.



Lá em cima adivinhem o que vimos? Uma outra "floresta" de bambo, tipo uma escada na colina! Esta sim vazia! Deu pra tirarmos foto!





Voltando para Kyoto vimos esse tori e paramos para uma foto. 




Chegando em Kyoto como ainda tínhamos tempo de carro e guia pedimos para passar numa rua de antiquários que eu tinha visto no meu guia em Shin Monzen.

Tivemos sorte porque na primeira loja já encontramos algumas coisas que gostamos e compramos.





Eu andava meio infeliz com essa coisa de ter guia e carro todos os dias com horários corridos... Meu filho tinha vindo pra cá 1 mês antes e tinha me falado sobre o distrito das Geishas e eu havia perguntado a guia quando iriamos e a resposta foi que era muito turístico e que não iríamos gostar... Bom insisti e consegui dar uma paradinha de carro hoje... 





Mas nem chegamos a andar um quarteirão... Foi só parar pra tirar foto, frustrante...
Pelo menos acho que tirei a melhor foto da minha vida!





A noite tinhamos reserva feita de São Paulo para o restaurante 3 estrelas do Michelin Nakamura, foi muito bom.






Quero frisar aqui que os restaurantes tanto de Osaka como aqui de Kyoto 3 estrelas do Michelin não são iguais aos da Europa, Australia, enfim, cada restaurante inovando tanto em estilo como fusão…. Aqui todos eles seguem uma linha japonesa, ou seja pode variar alguma coisa mas basicamente segue uma sequencia estilo Kaiseki, então pra quem não é lá muito de comida japonesa aconselho a marcar 1, no máximo 2 como aconselhado pela concierge do hotel.

Depois de um dia cheio como este vcs podem imaginar o cansaço! Voltamos mortos pro hotel!





No dias seguinte já começamos com problemas com a guia logo na saída no carro, quando mudamos alguns templos do primeiro dia por causa da chuva, deixamos claro que só mudaríamos caso desse pra irmos nos daquele dia em outro dia, pois não queríamos deixar de fazer nenhum templo importante,  se não fosse o caso iríamos com chuva mesmo… 

Bom de cara ela já perguntou se queríamos adicionar a nossa programação o Santuário Xintoísta Fushimi Inari Taisha ou ir no palácio Gosho que ela achava melhor, porque tínhamos uma tempo antes da visita a fabrica de sakê…

Falei que o santuário Fushimi já estava na nossa programação do dia á tarde, que não era um adicional, ela não entendia, mostrei o livrinho do roteiro, ela veio com um papo que pra ela não estava… 

Enfim depois de eu frisar que esse era um templo que, além de eu ter pedido de São Paulo pra ir e que constava do nosso roteiro, ainda consta em quase todos os guias turísticos, se não como primeiro, sempre entre os 3 primeiros mais importante pra visitação de Kyoto!
Como podia não constar do roteiro dela em nenhum dia?





Bom no fim de tanto eu insistir acabamos indo, mas não no horário previsto no roteiro que seria a tarde, pois ela insistia que não daria tempo e que tb não ficava perto, enfim….
O templo Fushimi Inari Taisha é o templo central de Inari Okami, divindade xintoísta protetor inicialmente do arroz, depois se estendeu a proteção das raposas (podemos ver varias estatuas delas no templo), da agricultura, da fertilidade, da industria e do êxito em geral.

O templo se situa na montanha Inari e tem uma trilha montanha acima para muitos templos menores que se espalham por 4 km.




Cada um dos Toriis no Fushimi Inari foi doado por um ramo de negócios, no começo da subida são tantos e tão juntos que formam um túnel.




Essa também é a parte mais cheia da subida, depois de alguns metros já fica um pouco mais vazio...



Alguns Torris são antigos de pedra...




Apesar dessa coisa comercial das doações ao templo pelas empresas com propaganda escrita nos toriis a subida impressiona!

Qual não foi minha surpresa quando depois de subir só um trechinho de nada que estava coalhado de gente a guia vir com papo que já estava na hora de ir embora por causa da fabrica de sakê com hora marcada…. Nossa foi uma decepção absoluta...
Eu fiquei tão brava questionando a guia se não podíamos mudar o horário da visita, que o Fernando até sugeriu não irmos a fabrica de sakê. Mas isso tinha sido a única coisa que ele tinha pedido pra agencia em São Paulo e eu não quis que ele perdesse... Mas se fosse qualquer outra coisa eu teria recusado e teria subido...



Descida vazia já que todos estavam subindo.... Fiquei processa de não ter ido até lá em cima!
Queria voltar a tarde na hora prevista no roteiro de qualquer jeito, e ela falando que não dava.... Enfim fiquei com um mal humor do cão, briguei com marido, um stress.... O que um guia ruim não faz.....

Bom pra variar fui pesquisar o que tinha perdido e descobri que o templo fica aberto 24h e que subir a noite tb é uma experiência interessante! Dá pra ver o pôr do sol e depois descer ou ir pra ver o nascer do sol! Tentei convencer o Fernando mas não tive muito sucesso, tb entendo porque estava muuuuuuito frio... A noite chegava a 7°, não deu nem pra insistir....

As fotos que achei são lindas, mas tb aprendi a não me basear muito nelas, pelo menos até agora as da internet sempre foram muito mais bonitas do que eu vi pessoalmente na maioria dos locais... Mas mesmo sem esse pôr do sol lindo deve ser muito interessante...


Enfim fomos pra Gekkeikan Sakê Brewery e a visita em grupo era em japones!
Nossa guia não conseguia traduzir rapidamente, parava frases no começo e depois começava a perguntar coisa pra fulana que explicava e não traduzia nada, no fim resolvi largar ela e ir ler as placas…. Só de pensar que poderíamos ter vindo a qualquer hora se fosse pra ler as placas me fez ficar mais indignada com a guia ainda! É um despreparo absoluto. A gente se sente logrado!  Mas vamos lá...


Essa fabrica foi fundada em 1637 e na verdade o que podemos ver é tipo um museu, não entramos na fabrica mesmo, se é que ela é neste lugar, o que vimos foi um galpão relativamente pequeno e fotos das etapas como vcs podem ver abaixo.



Deu pra entender o processo todo e acabei aprendendo uma coisa que eu não sabia, nós gostamos do saque Jumai Daiginjo que só merece esse título a partir 50% de polimento do arroz, já sabíamos que quanto mais polido o arroz melhor o sakê.


O que não sabíamos é que a porcentagem que vem escrito na garrafa é ao contrário! Não é o que foi removido, mas o que foi deixado. Isso muda tudo! Portanto um saquê escrito na garrafa 32% na verdade foi polido ou desgastado do arroz 68%.


Também vimos garrafas de saques, bules, copinhos, todos antigos de porcelana, laca, bonitos no Gekkeikan Okura Sake Museum.




Foi interessante, aproveitamos pra comprar uns copinhos na lojinha e ganhamos um saquê.




De lá fomos pra Nara, uma cidade a 40km de Kyoto que foi a capital entre 710 e 784, foi aqui que floresceu a cultura fortemente baseada em valores e costumes importados da China, a escrita, o budismo, a arquitetura...
O maior templo em madeira do mundo está aqui, chama-se Todaiji e é nele que se encontra o Grande Buda de bronze Daibutsu.




Chegamos e paramos no parque de Nara conhecido como parque dos Cervos Sagrados, onde tem muitos servos soltos, eles são considerados mensageiros sagrados dos deuses xintoístas. 




Andamos até o Grande Templo ou Santuário Kasuga com suas 3.000 lanternas, este templo xintoísta data de 769dC e foi reconstruído várias vezes ao longo dos séculos.



Seu interior é famoso pelas várias lanternas de bronze e de pedra. É um templo bonito.

Almoçamos no Nara Hotel, uma construção antiga bonita. A dica é reservar uma mesa na varanda, porque a vista é bonita.




Um outro problema aqui é que as guias almoçam com a gente todos os dias, isso é muito chato! Tira toda a privacidade. 
Na nossa ultima viagem, por exemplo, pra China nunca nenhum guia almoçava conosco. Entravam, até nos assessoravam com o menu em chinês, mas nunca sentava conosco, mesmo a gente convidando. 
Enfim, além da presença da guia em todas as refeições, ela sempre ficou nos interrompendo pra falar o que faríamos ou para explicar o básico do básico do que faríamos. 

Desta vez ela além de ter ficado o tempo todo tentando nos convencer que estava certa no roteiro estando errada, ficava nos perguntando o que faríamos depois do próximo templo! E eu respondia toda vez que no meu roteiro era pra irmos pro Templo onde subiríamos na colina! Um disco quebrado!



Eu estava tão irritada que eu não podia nem ouvir mais a voz dela! Falei umas 5 vezes que queríamos almoçar sossegados e que decidiríamos depois do almoço, ela ficava muda uns 3 minutos e depois tornava a nos interromper pra perguntar a mesma coisa...Um stress…





Terminamos rapidamente o almoço pra parar de ouvi-la e saímos a pé pro Todaiji Temple (Grande Templo Oriental) O seu nome se deve a localização em 710 a leste do Palácio Heijó, aqui era a capital da época, hoje chamada Nara.



Essa é a entrada principal, é impressionante pelo seu tamanho!

Segundo os registros mais de 2.600.000 pessoas ajudaram a construir este complexo de templos.



O templo que abriga o Grande Buda  chama-se Daibutsuden significa Jardim do Grande Buda e é considerado Tesouro Nacional do Japão e Patrimônio da UNESCO.
Esta enorme construção é considerada a maior construção em madeira do mundo e é onde está também o maior Buda de bronze do mundo. 




O grande Buda ou Daibutsu tem 16m de altura e está sentado numa flor de lótus. De cada lado dele tem um Bodhisattva.




Além deles tem mais dois guardiões um de cada lado!



Essa é a maquete do templo onde aparece as 2 pagodes que existiam e foram destruídas por terremotos, não dá nem pra imaginar o que seria se elas ainda existissem, cada uma com 100m de altura!



Nara vale a visita pra ver esses 2 templos.



Saímos e ficamos fazendo hora no museu do parque, bem pequeno, tomando chá 1h com a guia na mesa, porque obviamente não tinha mais nada pra fazer como sempre ...


Voltamos pra Kyoto e fomos direto para um restaurante onde teríamos um jantar com as Gueixas. Fizemos de tudo pra dispensar a guia, mas ela ficou lá conosco o jantar inteiro... No fim acho que precisava mesmo porque as gueixas não falavam inglês....



Funciona assim, as gueixas sentam-se na mesa conosco e pela tradição nós oferecemos sake.... O Fernando tinha pedido um sake caro, tentou comprar outra garrafa mais barata pra elas, mas nao teve jeito, nossa guia não entendia o porquê e lá se foi nosso sake! kkkkkk 
Aí a conversa começa, elas perguntam de onde somos, o que fazemos, se somos casados, se temos filhos... E nós tb devemos fazer perguntas... 
A mais bonita delas, da foto acima, é uma Maiko (direita) , aprendiz de Gueiko, eles não usam o nome gueixa aqui porque é considerado pejorativo, somente Gueiko. A de verde é a única Gueiko aqui, e a da esquerda mais velha, foi Gueiko e hoje em dia só toca e canta. 




As diferenças entre elas:
a Maiko ou aprendiz tem cabelos naturais, kimono com mangas compridas e laço atrás também com pontas compridas. O cabelo tem enfeites mais joviais que respeitam as estações, no caso primavera e é preso mais para cima, a nuca aparece e tem esse desenho na pele.





Depois dessas explicações elas nos falaram sobre os jogos que fazem pra entreter os clientes nos jantares onde são contratadas. Esse foi o jogo que fizemos, foi divertido!







No dia seguinte, dia 24 de março, nosso 11° dia de viagem fomos de carro para Shiga pra conhecer o Miho Museum.


Resolvi meu problema com a guia usando fones de ouvido com minhas musicas meditativas! Foi uma benção! O marido não ficou muito feliz, mas eu pelo menos consegui descansar... Só via ela toda hora no carro chamando ele e falando! kkkkk 



O Shiga Museum foi um projeto conjunto do arquiteto americano de origem chinesa IM Pei, mais conhecido por sua pirâmide de vidro do Louvre, e do escritório de arquitetura   Kibowkan International Inc., localizado numa montanha com vegetação exuberante numa reserva natural da cidade de Shigaraki foi inaugurado em 1996.





Na primeira vez que esta área foi visitada, foi dito que se parecia com Shangri-lá, então sua fundadora Mihoko Koyama se entusiasmou com a idéia e a construção foi inspirada no conto Chinês "Peach Blossom Valley".





Diz o conto:

"Certa vez havia um pescador no leste da China. Um dia, quando ele estava remando até um córrego da montanha, ele se deparou com um pomar de pêssego em plena floração. No final do pomar, ele percebeu um raio de luz vindo de uma pequena caverna ao pé de uma montanha. Uma vez lá dentro, ele encontrou-se em uma estrada estreita, mas ao entrar cada vez mais, uma esplêndida vista de repente se abriu diante dele. Ali estava o Shangri-La."

Isso foi recriado de maneira moderna neste projeto finalizado com inúmeras sakuras plantadas. Não pegamos elas floridas, mas vi fotos maravilhosas da floração...

Da pra ter uma ideia por essa foto da saída do Túnel, apesar delas estarem sem flor seus galhos esbranquiçados aparecem bem!





Miroko Koyama é uma das mulheres mais ricas do Japão herdeira do ramo têxtil Toyobo, fundadora do movimento espiritual Shiji Shumeikai fundado em 1997 que, hoje em dia, tem 300 000 mil seguidores pelo mundo, pesquisando na internet vi que é uma seita muito controversa, os fieis tem que doar enormes quantias de dinheiro e tem muitas vítimas acionando a entidade, enfim... Nada disso é dito aqui, o museu foi feito inteiro com doações dos fiéis... O acervo é impressionante...

O museu é dividido em 2 asas, Sul e Norte.  A asa Sul é focada na Rota da Seda e é a parte mais interessante.

A coleção asiática foi comprado no mercado mundial pela Shumei Organization nos anos antecedentes a abertura do museu.... 




Apesar de Koyama ter colecionado algumas peças da cerimonia do chá a partir dos anos 50 a maioria das coisas foi adquirida nos anos 90, a coleção permanente do museu tem mais de 2000 peças, dessas 1.200 são da época do Império Arquêmenida, muitos historiadores acham que pertenciam ao Oxus Treasure encontrado no rio Oxus entre 1877-1880, não se tem muita notícia do paradeiro das peças, algumas estão no museu Victoria e Albert em Londres, e parte delas foram redescobertas em 1993 no Afeganistão. 
O incrível é termos um numero tão grande delas aqui.



Outras peças também não tem uma procedência muito clara, a escultura de Boddhisatva do Séc VI é considerada a mesma roubada de uma praça em Shandong na China em 1994.
Claro que nada disso é dito aqui, foi encontrado na minha pesquisa na internet... Quem cuida do museu hoje é Hiroko Koyama, filha da fundadora. 

Olhem só esse mosaico de Dionysos do Templo de Ariadne em Naxos, Séc III 



A asa Norte tem várias peças de vidro e tb foi interessante.O museu é bonito, tem peças importantes e raras, vale a visita.


Ginkakuji Temple

Voltamos para Kyoto e fomos visitar o Ginkakuji Temple ou Silver Pavilion situado aos pés do Monte Tsukimachiyama. 




Segundo nossa guia é um templo Zen, mas novamente não vimos nenhum monge, só turistas. Não é tão famoso nem tão bonito como o Gold Pavilion, dá pra subir no monte atrás do templo onde tem uma bela vista.




Nossa guia já estava pensando em nos deixar no hotel quando eu falei que queria ir no Kiyomizudera Temple, mesmo porque ainda tínhamos 2:30h de carro e guia pagos e estava no roteiro do primeiro dia. Ela insistiu que o templo estava com tapumes sendo restaurando, que não valia a pena, eu falei que mesmo assim queria ir pois tinha visto fotos de uma vista bonita de lá...
Ainda bem que insisti!
A chegada ao templo é por uma rua de pedestres, com muitas lojinhas e muita gente.



O Kiyomizudera oficialmente Otowa san Kiyomizu-dera "Templo da Água Pura da fonte Otowa" é um templo budista do secto Hosso um dos mais antigos do Japão. 




Faz parte dos Monumentos Históricos da Antiga Kyoto e é patrimonio da UNESCO!




Logo após o grande portão tem a pagode e subindo várias construções até chegar ao grande templo. Aqui podemos ver muitas turistas asiáticas que alugam quimonos pra passear e tirar fotos.


O templo está realmente com parte sendo restaurada por fora.... Uma pena olha só como ele é sem as madeiras tampando...  



Da pra imaginar todas essas sakuras floridas? Ou no outono? Não? Então olha aí!
Por isso insisto para que, se quiserem vir para o Japão, venham no outono!




Dentro do templo é muito bonito também!



Atrás do Kiyomizudera tem o Jishu Shrine um santuário xintoísta que obviamente está muito mais cheio que o templo budista. Aqui no Japão 90% da população é xintoísta...




E imaginar que nossa guia não ia nos trazer aqui mesmo estando no nosso roteiro....




Até na saída tinha gente chegando....






A noite tivemos o restaurante Kishizen 3 estrelas do Michelin.



Considerado o melhor de Kyoto, não deixou duvida.




Façam reserva com antecedência porque vale a pena! Lembrando sempre que o cardápio é pra quem gosta de comida japonesa.





No fim não ficamos encantados com Kyoto... Tem uns 4 sites muito bonitos, mas como estamos mal acostumados com Myanmar, Butão, China, Tibet, Laos, Camboja, etc. onde é uma enxurrada de coisas maravilhosas todas as dias, deixou a desejar.... 

Amanhã iremos para Yamashiro Onsen, assunto do próximo post!