segunda-feira, 28 de junho de 2010

Síria

Chegamos em Damasco que é considerada uma das cidades mais antigas do mundo e tb fazia parte da Dekapolis...
No aeroporto uma surpresa, depois de sermos informados que o pessoal de Damasco é normalmente mal humorado, na policia federal, que em qualquer cidade de madrugada, geralmente, o mal humor impera, fomos recebidos com um grande sorriso por um rapaz bem novo que quando viu nosso passaporte e falamos que éramos brasileiros beijou nosso passaporte e falou que estava torcendo muito pela nossa seleção e que adorava o Brasil!



E isso continuou por toda a Síria!



Emocionante!!!




Mas voltando a Damasco fiquei impressionada com a cidade velha (decretada patrimônio humanidade pela UNESCO), parece que voltamos no tempo!



Fiquei pensando no meu avô que deixou esta cidade quando era moço para se aventurar na America e tentar novas oportunidades...




Percebi porque os árabes negociam tão bem, imagine uma criança vivendo no meio desses souks, vendo todos negociarem todo tempo, não deve ter escola melhor que esta!




Acho que muito pouco mudou desde que meu avô saiu daqui, nosso hotel fica dentro da cidade antiga, é como uma Medina, ruelas estreitas cheias de lojinhas.



Chegamos ás 2:30 da manhã e descobrimos que nosso hotel ficava no meio da cidade velha e o carro não entrava, então precisamos andar a pé um pedaço e estava tudo vazio, parecia meio sinistro, mas no hotel que era uma casa antiga, com átrio e fonte no meio, bem ao estilo árabe, nos receberam muito bem.




Depois de arrumar as coisas e finalmente deitar a cabeça no travesseiro vem aquela sensação de “enfim tudo deu certo e posso descansar”, aí uma voz começa a cantar.... É tem a chamada da mesquita, ás 3 e meia da manhã!
E demora... A voz para e vc pensa, graças a Deus acabou... Não, começa de novo e de novo até que depois de uns 20 minutos, tudo para e finalmente, silêncio!
Aí já são 4 da manhã e adivinhe o que acontece bem em frente ao nosso quarto ás 7 da manhã?
Café da manhã pra quem esta acordando...
É vida de turista não é fácil!



Mas vale a pena, porque no dia seguinte saímos pra andar pela cidade e foi uma surpresa atrás da outra.




Primeiro visitamos a mesquita Omaiade que é a construção mais importante da cidade.




No sec.IV os cristão construíram uma igreja dedicada a São João Batista aproveitando as ruínas do templo romano de Apolo, que pode ser visto na entrada...




.... e na saída da mesquita, marcando a entrada do souk...




Em 636 parte da igreja foi transformada em mesquita e na outra os cultos cristãos continuavam acontecendo.




Em 705 o califa Omaiade fez um trato com os cristãos construindo uma igreja no bairro cristão e transformou-a toda em mesquita.



Foram trazidos artistas famosos da época de todo lugar...




Seus mosaicos bizantinos são considerados os mais bonitos de toda o Oriente médio, e acho que são mesmo!




Os turistas ocidentais são muito poucos, resultado do isolamento da Síria na época em que esteve aliada á União Soviética, apesar disto nos sentimos confortáveis para passear mesmo a noite pelas ruelas cheias e lojas bares animados onde a bebida alcoólica é proibida, mas o nargile ou shisha como costumam chamar está em todos os lugares.




Tanto homens como mulheres fumam, e nós é claro também!




No café Não Fará um dos mais antigos e pitorescos, todas as noites tem um contador de estórias, com performance sensacional! Pena que é em árabe...



Ah! O souk, outra aventura imperdível...




O sorvete do souk tb vale a pena, enrolado á mão na frente do cliente com uma velocidade impressionante e jogado nos pedaços de pistache...




...uma delicia!




Mas a Síria tem muitas outras surpresas, como o Krak des Chevaliers.




Fortaleza construída em cima de um forte que foi conquistado pelos cruzados em 1150 e ampliado para abrigar 4.000 homens e seus cavalos!



Impressionantemente preservado!



Difícil escolher a fotos... Entre tantas...




Chegamos em Aleppo no norte da Síria.



Segunda cidade do país, disputa com Damasco o título de cidade mais antiga do mundo.




Foi invadida e conquistada várias vezes,mas os cruzados nunca conseguiram tomar.




O ponto alto é a Citadela rodeada por um fosso que protegia o palácio, e seus arredores com banhos turcos de mármore, teatro, mesquita, lojas, etc.




De brinde, na sala do palácio ainda podemos ver o lindo teto em madeira entalhada ao estilo otomano!





Perto de Aleppo fica a Basílica de São Simeón o Anacoreta.




Este monge eremita nasceu em 386dC e foi famoso porque resolveu morar em cima de um pilar de 15mt de altura para conseguir uma maior reclusão...



Na época vinham milhares de pessoas ouvi-lo pregar duas vezes por dia!




Após 37 anos vivendo em cima do pilar ele morreu seu corpo foi solenemente escoltado por sete bispos para Antioquia e no local do pilar foi construída a basílica num espaço quase do mesmo tamanho que a Santa Sofia em Istambul.




O pilar de São Simeón ainda pode ser visto no centro do pátio, porém agora ele só tem 2 metros de altura, por causa dos anos de coleta desta de pedaços desta relíquia pelos peregrinos.


De Aleppo fomos para Palmira, mais uma das importantes cidades Oasis pertencentes as Dekapolis, na rota das caravanas entre a Mesopotâmia e o Mediterrâneo. As ruínas da cidade datam do sec.II




Palmira floresceu na época romana dos impostos das caravanas e se tornou tão importante que o imperador Adriano a visitou em 130dC e o imperador Caracalla, em 212 concedeu aos seus habitantes os mesmos direitos que os romanos!




Em 267, Odenat, brilhante chefe militar e aliado aos romanos foi assassinado pela sua mulher, meio grega meio árabe, chamada Zenóbia, que ficou com o poder em nome de seu filho menor.



Com o aumento dos imposto das caravanas ela se tornou muito rica e entrou em conflito com Roma para obter o controle do Egito.



Derrotada finalmente pelos romanos foi levada a Roma presa com algemas de ouro.




A cidade caiu em declínio e desapareceu, sendo descoberta no sec.XVII por um viajante inglês.




A cidade impressiona tanto pelo seu tamanho quanto pela grandiosidade de seus templos, suas ruas ladeadas de colunas, banhos, teatros, tumbas, enfim, uma maravilha!







Ah! No Bagdad Cafe ofereceram 100 camelos pro Fernando!!!




Minha amiga Ani disse que pela atual conjuntura até que estava bom.... Pode?
Hahahahaha!!!!!

domingo, 27 de junho de 2010

Jordânia




A Jordânia tem 80% da área com desertos e neles moram 1 milhão de beduínos.



Do total da população de 8 milhões, 6 estão distribuídos em 3 principais cidades onde Amã é a principal e maior delas.
Construída pelos gregos com o nome de Filadélfia, prosperou na época Romana sendo uma das dez cidades do grupo de dez cidades denominado Decápolis.




Foi chamada tb de Rabbath Amon e muitas histórias da Bíblia se passaram nesta região.
A região tornou-se parte do Império Otomano em 1517, e depois da primeira guerra em 1921 foi criado o Emirado Zajordánsko Amã.



Em 1948 quando o emirado passou a se chamar Jordânia a colina em que ficava a principal cidade tornou-se a capital com nome de Amã.
Hoje podemos ver a cidade velha ao lado de edifícios altos, modernos e bairros inteiros sendo construídos com edifícios em limestone a pedra local.

Mas o que valhe mesmo a pena ser visitado na Jordânia é a tão famosa e mágica Petra, o Mar Morto e as ruínas da cidade romana Jerash.



Saímos de Amã de carro e fomos rumo ao sul até Wadi Rum onde pegamos um 4X4 para passeio no deserto, com direito a vista panorâmica e muita emoção proporcionada pelo nosso motorista que morria de rir quando gritávamos cada vez que ele descia a toda velocidade pelas dunas!



Depois do almoço fomos para Petra, nosso hotel ficava bem na entrada da área fechada para automóveis, então depois da janta saímos a pé para visita noturna a Petra.
Petra fica no final de um desfiladeiro lindo, bem estreito e com as laterais bem altas.




Foi emocionante andar só a luz de velas durante 1h até chegar na Câmara do Tesouro. Lá haviam dezenas de velas colocadas no chão em frente a imponente entrada e nós ficamos meia hora sentados em silêncio só ouvindo a musica da época das caravanas que por ali passavam.
Foi mágico!




No dia seguinte fizemos o mesmo caminho ...




...agora iluminado pelo sol que dependendo da localização deixava as pedras claras ou com tom rosado.



Foram quatro horas caminhando e ouvindo a história do local.




Muitas paradas para fotos e a volta depois do almoço com 38graus a sombra e muitas ofertas não aceitas para um “camel ride”.



Petra foi construída num importante enclave arqueológico que foi habitado por volta do ano 1200aC por tribos Edomitas e chamava-se Edon. Foi anexada ao império Persa e se tornou importante rota comercial entre Jerash, Amã e Damasco e Palmira na Síria no séc VIaC.
Edon ou Petra, seu nome grego, foi então colonizada pelos Nabateus que dominaram as rotas comercias das especiarias e tornaram a cidade ponto de encontro das caravanas construíram todas essas fachadas trabalhadas nas rochas.
O estilo com influencia arquitetônico greco-romana e oriental revela a natureza cosmopolita.



Mesmo anexada ao Império Romano os nabateus tinham autonomia sobre a cidade e só eram obrigados a pagar imposto e defender as fronteiras do deserto.



Petra sofreu 2 terremotos e apos o segundo em 551 a cidade não conseguiu se recuperar, pois com as novas rotas marítimas a rota da seda foi se tornando inoperante, até que a cidade caiu no esquecimento.




Em 1812 Petra foi descoberta e teve seu primeiro estudo arqueológico publicado. Em 1985 foi reconhecida Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, mesmo assim tem pouco dinheiro sendo investido na descoberta de templos romanos que estão soterrados. Uma pena!



Em 2004 foi construída a primeira estrada asfaltada até Petra, tornando-a mais conhecida e nos dando a oportunidade de conhecer pessoalmente a impressionante beleza e grandiosidade desta civilização tão antiga.



Mesmo assim eu nunca imaginei encontrar uma cidade daquele tamanho com monumentos romanos tão grandes, formações naturais lindas, tão coloridas, desenhadas pela natureza!



Uma aventura e tanto!



Uma emoção inesquecível!!!!