sexta-feira, 1 de março de 2019

Sintra

Esse é o nosso 25 dia de viagem por Portugal e estamos indo de Óbidos pra Sintra de carro. Prometi a mim mesmo que voltarei pra ficar uns 4 dias nesse Hotel Areia do Seixos em Óbidos que amei! 


Hotel Areia dos Seixos - Óbidos


A viagem é tranquila pois são só 76k. Como o Diego e a Gabi vão voltar hoje a noite pra São Paulo resolvemos sair cedo pra que eles pudessem conhecer um pouco de Sintra com a gente.



Por isso fomos direto para o Palácio Nacional da Pena! Eu estava louca pra conhecer por causa de um livro que eu tinha lido e amei, e que aconselho aqui, chama-se D. Maria II - Tudo por um Reino ou Maria da Gloria, de Isabel Stilwell. É um livro maravilhosos que conta a história da primogênita do nosso D. Pedro I casado na época com D. Leopoldina da Austria. O livro começa com ela pequena aqui no Brasil, sua ida com o pai em 1831 para reaver o trono de Portugal usurpado por seu tio Miguel.



Até que começasse a guerra dos 2 irmãos pelo trono de Portugal pai e filha ficaram um tempo na Inglaterra onde Maria conheceu a futura Rainha Vitória e se tornaram amigas pro resto da vida. Trocaram muitas cartas que estão neste livro!


As duas rainhas se casaram com com dois primos irmãos, Maria se casou com Fernando de Saxe-Coburgo-Gota e Vitória com Francisco Alberto da mesma casa de Saxe-Coburgo-Gota.





O nosso D Pedro I se tornou D Pedro IV de Portugal e depois de sua morte a Princesa Maria da Gloria se tornou D Maria II rainha de Portugal e Algarves.
Nesse livro aparece em detalhes a construção do Palácio da Pena por seu marido o Principe Consorte Fernando que era um amante das artes, principalmente arquitetura e por isso apelidado do o rei artista.




Na época de D JoãoII foi construída nesta serra de Sintra uma  pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Pena, depois no século XVI D Manuel reformou o local e deu a Ordem de São Jerónimo, onde foi construído os alojamentos do convento.
No século XVIII um raio caiu destruindo a torre, capela e sacristia; em 1755 o grande terremoto deixou o convento em ruínas.
No século XIX a paisagem com as ruínas deixou o então rei-consorte Fernando II encantado e em 1838 ele adquiriu o velho convento, o Castelo dos Mouros e quintas e matas circundantes e começou a grande reforma do convento que se tornou o famoso Palácio da Pena.



A reforma ficou a cargo do mineralogista alemão Barão Von Eschwege que colocava as ideias do rei em pratica.
A obra expressa a primeira construção no estilo Romântico do século XIX no mundo, 30 anos antes da construção do famoso Castelo de Neuschwanstein na Baviera!


Na verdade o palácio tem uma mistura de estilos que vão do neogótico, neo-manuelino, neo-islâmico, neo-renascentista e até indiano, tudo isso intencional pra mentalidade romântica do século XIX que apreciava o invulgar e o exotismo!



Em 1995 foi classificado pela UNESCO como patrimônio da humanidade e em 2007 foi eleito uma das 7 maravilhas de Portugal.
O castelo foi finalizado em 1847, D Maria II nem chegou a morar nele e morreu logo em seguida em 1853 em decorrência do seu ultimo parto.


D Fernando casou-se pela segunda vez com a condessa de Edla que herdou o palácio após sua morte provocando uma grande controvérsia na época.


A condessa chegou a uma acordo com o Estado Português e vendeu o castelo a Luis I ficando somente com o apelidado então como Chalé da Condessa até sua morte.


Realmente não deixou nada a desejar em vista da minha alta expectativa! Simplesmente maravilhoso!


Com essa aquisição a preservação do Palácio bem como o Castelo dos Mouros e adjacências foi preservados e tornaram-se patrimônio nacional Português.


Este logo ali é o Castelo dos Mouros que iremos visitar amanhã! O Diego e Gabi vão direto para o aeroporto pela costeira passando por Cascais e nós vamos pro hotel.


Na saída descendo pelo jardim ainda fomos brindados com essas hortênsias maravilhosas! O centrinho de Sintra é bem pequeno e muito charmoso. A cidade é toda situada dentro das colinas da Serra de Sintra.

Centro de Sintra 

Nosso hotel é o Tivoli Palácio de Seteais, como o nome diz é um palácio que foi construído no século XVIII para o cônsul holandês que na época tinha o monopólio da exportação de diamantes numa porção de terra concedida pelo Marquês de Pombal.



Na época foi aplainado o topo do morro criando um miradouro e construído um dos corpos do palácio. O restante foi construído pelo Marquês de Marialva o segundo dono do palácio.

Interior da sala Pillement 

Em 1802 foi construído o famoso arco triunfal para comemoração da visita do rei D. João V e Dona Carlota Joaquina. 

Meu quarto e vista da sacada 

Em 1918 o palácio é comprado pelo Conde de Sucena e em 1946 é adquirido pela Fazenda Nacional e autorizado a conversão da casa em hotel de luxo mantendo-se assim até hoje. O restaurante tb é muito bom! Jantamos nele.


Depois fomos a noite dar uma volta a pé pra ver a vista do miradouro do arco do triunfo.


No dia seguinte fomos a pé visitar a Quinta da Regaleira que fica na rua do nosso hotel. Esse palacete foi classificado pela UNESCO pelo seu exotismo. 



Em 1915 esta propriedade foi comprada e a agua da serra de Sintra foi canaliza para uso, em 1830 Manoel Bernardo compra a quinta que é chamada então de Quinta da Regaleira. Em 1840 a filha de um negociante compra a quinta e se torna a primeira Baronesa da Regaleira. 


A historia da Regaleira atual começou em 1892 com a compra por Antonio Augusto Monteiro e a construção atual começou em 1904 e terminou em 1910.


                                                       Capela da Santissima Trindade 


A idéia de Antonio Augusto era construir algo grandioso que tivesse símbolos que espelhassem Deus e ideologias.

Capela da Santissima Trindade Regaleira

O Palácio é marcado pela torre octogonal, foi construído pelo escultor Jose da Fonseca para dar a quem sobe a ilusão de se encontrar no eixo do mundo.
Antonio Augusto era um conservador e portanto quis reviver a era de ouro de Portugal construindo em estilo neo-manuelino com detalhes dos descobrimentos.


A vista interna não contempla todos os cômodos, mas vale a pena, os mosaicos venezianos, a lareira, os entalhes em pedra e madeira, as pinturas são muito bonitas.


Mas foi nos jardins que Antonio Augusto colocou todas as suas ideologias cristãs gnósticas, aqui encontramos temas esotéricos, maçônicos, Templários e Rosa Cruz.



Nesses  4 hectares vemos o primitivismo usado com maestria, encontramos um bosque que começa mais ordenado na parte baixa até chegar a parte mais selvagem ao alto. 


O Patamar dos Deuses é composto por nove estátuas de deuses romanos, aqui vemos a mitologia representada. 



Os vários túneis e galerias subterrâneas saem de diversos pontos do jardim num imenso labirinto. 



Os pontos mais famosos são a Entrada dos Guardiães, o Lago da Cascata e o Poço Imperfeito e levam até o famoso Poço Iniciático onde os rituais eram realizados. 
No fundo do poço esta embutida em mármore a rosa dos ventos sobre uma cruz templária que é o emblema heráldico de Carvalho Monteiro 



Esta é a maior galeria subterrânea da Quinta, neste poço foi construída uma escadaria espiral sustentadas por colunas esculpidas, por onde se desce até o fundo. São nove patamares separados por lançes de 15 degraus cada um invocando a Divina Comédia de Dante. 


Daqui fomos para o Palácio Nacional de Sintra considerado o centro de Sintra e onde esta o maior conjunto de azulejos mudéjares do país!

Este palácio foi construído na época da ocupação dos Mouros e sofreu três ampliações, a primeira após a reconquista, a segunda foi na época de D. João I no inicio do século XV e a terceira no reinado de D. Manuel I no começo do Século XVI. Foi nesta ultima ampliação que foram introduzidos oa azulejos e todo o enriquecimento do interior. 

Sala dos Cisnes 

A vista da cidade das janelas do palácio parece um quadro!

Esta é a Sala das Pegas esse tipo de corvo, leva esse nome por causa dos 136 que foram pitados no teto, a historia é interessante, cada pega segura 1 rosa com o bico, símbolo da casa da rainha Dona Filipa de Lencastre. Conta a lenda que seu marido  D. João I foi surpreendido por umas senhoras da corte beijando uma cortesã. Como o assunto foi espalhado pela corte e D. João fez pintarem as pegas com a frase abaixo "Por Bem" para que todos se lembrarem a ter discrição por respeito na corte.



Andamos por todo o palácio, tudo em perfeito estado!A cozinha do palácio é gigantesca pois eram servidos muitos convidados na época. Mas nada impressiona tanto quando a Sala dos Brasões! 


São 72 brasões das mais importantes casas da época de D. Manuel I entalhados e pintados no teto e nas paredes azulejos do século XVI com cenas de caça.  



Depois andamos pelo centrinho e voltamos para o hotel.

No dia seguinte combinamos com o rapaz do Tuk Tuk pra nos pegar e levar no Palácio de Monserrate. A historia da propriedade é interessante, dizem que mesmo antes da reconquista ouve uma capela aqui, e na época da reconquista um cristão-moçarabe teria morrido defendendo até cristã e teria sido enterrado aqui.
Em 1540 Monsenhor Gaspar teria construído a capela dedicada a Nossa Senhora de  Monserrate sobe a primeira. Nesta época o terreno e cercanias pertencia ao Hospital de Todos os Santos.


Em 1601 a propriedade é aforada a família Melo e Castro e em 1718 finalmente é adquirida por D Caetano de Melo e Castro comendador de Cristo e Vice-rei da India. Como ele morava em Goa a casa era cuidada por caseiros até o grande terremoto de 1755. As casas de Sintra ficaram inabitáveis e a propriedade passou para descendentes da família, foi em 1856 depois de décadas de abandono que ela  foi vendida. 
O comprador foi um milionário de têxteis inglês chamado Francis Cook para ser a casa de verão da família. O palácio foi desenhado por James Knowler e os jardins por um botânico, um paisagista e um mestre jardineiro que passou o resto de sua vida trabalhando nele. Foram criados uma falsa ruída da capela e até um cromeleque para deixar o jardim mais romântico e exótico.


Dizem que mais de 2000 pessoas trabalharam aqui, 50 delas somente dedicadas a jardinagem. Depois de pronta são contratadas 300 pessoas pra manter a Quinta e do parque. Foram sendo compradas 13 quintas adjacentes e ainda o Convento dos Capuchos totalizando 33 hectares! Todas as áreas iam sendo revitalizadas e até o vilarejo onde moravam todas as pessoas que trabalhavam nesta imensa quinta ganhou casas, escolas e até um teatro. 
O investimento e contratações foi de tal porte que o rei D Luís I concedeu-lhe o título de Visconde de Monserrate. 



Em 1884 ele recebeu o titulo de "baronet" na Inglaterra portanto se tornou Sir Francis Cook, e desde o fim da construção da Quinta  passou muitos meses do ano aqui. 
A propriedade fica em nome da família até 1947 quando a família perde grande parte da fortuna e a casa é vendida. Nesta venda se perdeu todas as peças de antiguidade e moveis, tudo foi a leilão.



Em 1995 a Serra de Cintra se torna Patrimonio da Unesco e em 2010 começa a recuperação da Quinta que hoje é aberta ao publico.
Quando fui entrando fiquei apaixonada, todo esse trabalho de filigrana em mármore Carrara, alabastro, dentre outros! São duas alas que saem do centro em corredores com colunas e sobressaindo os entalhes no mármore. é maravilhoso!



A sala de musica tem uma abobada linda! A gente não sabe pra onde olhar...



Com certeza imperdível, para se conhecer com tempo pra curtir cada detalhe e o parque! 


A tarde fomos no Castelo dos Mouros, construído sobre um maciço rochoso para a defesa do local.



Foi aqui que nasceu o nome de Sintra! Em 308 a.C. existia um templo Celta aqui dedicado a Lua. Os celtas chamavam a Lua de Cynthia e quando os mouros chegaram como a pronuncia era difícil ficou Chintra! 


A partir do século V o local foi ocupado e aqui instalado um posto de observação que com o tempo virou uma fortaleza!  


Eu adorei caminhar pelas ruínas, aconselho a virem de tênis! A vista é incrível!


Agora paixão mesmo foi pelas orquídeas dessa subida! Que coisa mais linda!



Almoçamos e saímos para Cascais para jantar com amigos que estavam lá. Saímos mais cedo pra pegar o pôr do sol no Cabo da Roca!


Uma maravilha! 
O Cabo da Roca é o ponto mais ocidental de Portugal, e o por do sol é no mar, consultem o horário e o tempo e não percam, é de tirar o fôlego!


Nos encontramos com  os amigos no restaurante Porto Santa Maria, comemos um peixe maravilhoso e amêijoas a bulhão pato que somos viciados! Restaurante simples praiano, mas ao mesmo tempo requintado, foi ótimo! 



Voltamos pra Sintra e no dia seguinte fomos pra Mafra a 23k daqui para conhecer o Palácio Nacional de Mafra. 


O Palácio é composto por um mosteiro e o próprio palácio que é monumental! A construção toda em pedra lioz da região em estilo barroco joanino ocupa uma área de 4 hectares!
Pra se ter uma melhor ideia do tamanho, aqui tem 156 escadarias, 29 pátios e 4.700 portas e janelas! Foi a obra de maior referência construída por D. João V.


Entramos pela  enorme Basílica do Palácio, impressionante! Uma comunidade de 300 religiosos da Ordem de São Francisco moravam aqui na época. 


Em 1910 virou Patrimonio Nacional e uma das sete maravilhas de Portugal em 2007.
A construção começou mais modesta em 1717, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres e a construção aumentou chegando a ter na época 52.000 trabalhadores!
O Palácio sofreu um grande empobrecimento de seu conteúdo transportado com D. João VI quando fugiu para o Brasil. 


Na época da tomada pelos franceses as tropas se alojaram no palácio sendo substituídas depois por uma pequena tropa inglesa até 1828. Depois do conturbado período das Lutas Liberais no reinado da rainha Maria II filha mais velha de D. Pedro I que retomou o trono, o palácio foi de novo usado pela nobreza. Seu marido Fernando citado bastante por mim acima revitalizou todo o palácio que se tornou-se Real Edifício sendo usado até D Manuel II. 


No claustro do mosteiro tinha uma mostra águias e de corujas, lindas demais, tive uma aula sobre elas. Que ave incrível! Foram mil fotos só delas!
Com certeza vale incluir Mafra na viagem de vcs! E além disso tudo aqui é pertinho! 
Voltamos pra Sintra e amanhã vamos pra Cascais pra nos encontrarmos com o Rapha e a família! 

Quando estávamos em Cascais viemos duas vezes para Sintra, primeiro fomos jantar num restaurante chamado Arola do Chef Sergi Arola que fica no  Penha Longa Resort. A degustação é maravilhosa! Super indico!
Num outro dia viemos a tarde ver o Convento dos Capuchos, tb acho imperdivel! Se quiserem mais dicas desses 2 lugares estão no post Cascais. O ideal é ir com sol!
Vai aí uma foto só pra vcs verem que lugar especial! 




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